Velella velella (Linnaeus, 1758)

AphiaID: 117832

Veleiro

Biota (Superdominio) > Animalia (Reino) > Cnidaria (Filo) > Hydrozoa (Classe) > Hydroidolina (Subclasse) > Anthoathecata (Ordem) > Capitata (Subordem) > Porpitidae (Familia) > Velella (Genero)

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Descrição

O veleiro – Velella velella – encontra-se a flutuar na superfície do mar, suspenso por uma câmara achatada de flutuação encimada por uma pequena vela rígida (daí o epíteto específico velella; “pequena vela”), que protrude acima da superfície da água permitindo uma eficiente deslocação impelida pelo vento.

Cada “veleiro” é uma complexa colónia, com 7 cm de comprimento máximo, composta por múltiplos pequenos indivíduos. São predadores vorazes que se alimentam de pequenos organismos, em geral zooplâncton, que capturam com tentáculos pendentes na parte inferior da colónia. Os tentáculos estão recobertos por cnidócitos que produzem toxinas paralisantes que injectam quando são tocados – são, no entanto, inofensivos para os humanos, seja por serem incapazes de perfurar a pele humana ou porque as toxinas neles encapsuladas são ineficazes face ao metabolismo humano.

Distribuição geográfica

Ocorre nas águas quentes e temperadas de todos os oceanos. Como típico organismo integrado no plêuston, vive na interface entre o ar e a água, com o flutuador e a “vela” acima da superfície da água e com o corpo bolboso, com os tentáculos pendentes, imerso nos primeiros centímetros do oceano. É comum encontrar milhares de veleiros a flutuar em áreas oceânicas distantes da costa.

Não tendo capacidade autónoma de locomoção, a possibilidade de velejar permite ao organismo deslocar-se rapidamente em relação às águas circundantes, podendo assim explorar em períodos curtos grandes volumes de água, o que aumenta a probabilidade de captura de presas. Em contrapartida, quando o vento sopra em direcção à costa, é inevitável o arrojamento, o que leva a que por vezes surjam milhares de veleiros mortos depositadas pelo mar nas praias.

Habitat

As imagens acima correspondem à fase pólipo do ciclo de vida, sendo cada “indivíduo”, com o seu flutuador e vela, uma colónia hidróide, constituída por múltiplos pólipos que se alimentam do plâncton do oceano, interligados por um sistema de canais que permitem à colónia partilhar a comida que é ingerida por cada pólipo. Cada colónia contém apenas pólipos machos ou fêmeas, criando assim “veleiros” masculinos e femininos.

Funcionalmente, a colónia é composta por diferentes tipos de pólipos, alguns com funções alimentares e reprodutivas, designados por gonozoóides, outros com funções de protecção, designados por dactilozoóides. Na parte central da colónia existem gastrozoóides, pólipos com funções puramente alimentares.

 

Ecologia

Alimenta-se de pequenas presas e peixes que só podem ser capturados imediatamente abaixo da superfície da água, uma vez que os seus tentáculos não chegam muito longe.

Apresenta um ciclo de vida bipartido, com alternância de gerações assexuadas e sexuadas na forma de pólipo e de medusa, respectivamente.

Iniciando a outra fase do ciclo de vida da espécies, cada gonozoóide produz numerosas medusas minúsculas por gemulação, processo de reprodução assexuada durante o qual a célula continua as suas funções vitais, enquanto o núcleo se divide, com uma das partes migrando para a membrana, onde se forma uma larva que posteriormente é libertada. Por este processo, durante a época de reprodução, cada colónia de Velella produz, ao longo de várias semanas, milhares de minúsculas medusas, cada uma com cerca de 1 mm de diâmetro. Cada medusa é dotada de múltiplas zooxantelas, organismos endossimbióticos unicelulares fotossintéticos, tipicamente encontrados em corais e em algumas anémonas, que utilizam a radiação solar para produzir os açúcares que fornecem energia à medusa hospedeira.

As medusas atingem a maturidade sexual em cerca de três semanas, libertando para a água óvulos e espermatozóides que se combinam em zigotos, cada um dos quais produz uma nova colónia hidróide flutuante.

Características identificativas

  • Colónia com cerca de 10 cm de comprimento (máximo);
  • Coloração azulada ou arroxeada, com um flutuador oval plano transparente e uma vela ereta;
  • Vela semicircular definida diagonalmente ao longo do flutuador;
  • Tentáculos curtos pendem do flutuador.

Estatuto de Conservação

Sinónimos

Armenista sigmoides Haeckel, 1888
Holothuria spirans Forsskål, 1775
Medusa pocillum Montagu, 1815
Medusa velella Linnaeus, 1758
Rataria cordata Eschscholtz, 1829
Rataria mitrata Eschscholtz, 1829
Velella antarctica Eschscholtz, 1829
Velella aurora Eschscholtz, 1829
Velella australis de Haan, 1827
Velella caurina Eschscholtz, 1829
Velella cyanea Lesson, 1826
Velella emarginata Quoy & Gaimard, 1824
Velella indica Eschscholtz, 1829
Velella lata Chamisso & Eysenhardt, 1821
Velella limbosa Lamarck, 1816
Velella meridionalis Fewkes, 1889
Velella mutica Lamarck, 1801
Velella oblonga Chamisso & Eysenhardt, 1821
Velella oxyothone Brandt, 1835
Velella oxyothone var. brachyothone Brandt, 1835
Velella oxyothone var. oxyothone Brandt, 1835
Velella pacifica de Haan, 1827
Velella patellaris Brandt, 1835
Velella pyramidalis Cranch, 1818
Velella radackiana de Haan, 1827
Velella sandwichiana de Haan, 1827
Velella scaphidia Peron & Lesueur, 1807
Velella septentrionalis Eschscholtz, 1829
Velella sinistra Chamisso & Eysenhardt, 1821
Velella tentaculata Lamarck, 1801
Velella tropica Eschscholtz, 1829
Velella vella (Linnaeus, 1758)

Informação Adicional

Pesquise mais sobre Velella velella > World Register of Marine Species (WoRMS) ~ Encyclopedia of Life (EOL) ~ Wikipédia

Referências Internacionais

 

Referências para o Parque Natural do Litoral Norte:

ICN – Instituto da Conservação da Natureza (2007). Plano de Ordenamento e Gestão do Parque Natural do Norte: Fase I – Caracterização, Parte I – Descrição, Volume III – Caracterização biológica. Realizado por: DHVFBO Consultores. S.A. 88pp.

Referências para a Região Norte de Portugal (PT11):

Weber, M. (1995). Aguda, entre as marés. Fauna e flora do litoral da praia da Aguda. Edições Afrontamento.

Referências internacionais:

Ager, O.E.D. 2008. Velella velella By-the-wind-sailor. In Tyler-Walters H. and Hiscock K. (eds) Marine Life Information Network: Biology and Sensitivity Key Information Reviews, [on-line]. Plymouth: Marine Biological Association of the United Kingdom. Available from: https://www.marlin.ac.uk/species/detail/1802

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Última atualização: 29 Nov. 2019
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